domingo, 21 de junho de 2020

Confiemos sempre no Senhor

Foto: Arquivo Pessoal 
Por: Fr. Alex Assunção

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre o medo, por três vezes no evangelho aparece a expressão “não tenhais medo” (cf. Mt 10,26-33). Mas o que é o medo? A psicologia vai nos dizer que o medo “é um estado de alerta extremamente importante para a sobrevivência humana. Uma pessoa sem medo nenhum pode se expor a situações extremamente perigosas, arriscando a própria vida, sem medir as possíveis consequências trágicas de seus atos” (J. Ferrari, 2020). Porém, Jesus no evangelho de hoje desautoriza o medo. Nos evoca, como a oração do salmo: “Confiemos sempre no Senhor e Ele tudo fará por nós” (cf. Sl 37,5). 

Neste tempo de pandemia causada pelas infecções do novo coronavirus, que tem resultado em dores e perdas para COVID 19, de muitas pessoas amigas, conhecidas e até de familiares. A palavra do evangelho de hoje nos é uma provocação, a confiarmos sempre no Senhor, e a não termos medo! Isto nos leva pensar sobre a nossa missão de batizados e como estamos testemunhando nossa fé nesse tempo de pandemia. Vivemos um dilema entre o cuidado com a nossa saúde, o que é salutar e necessário, e o arriscar nossa vida para viver a dimensão caritativa de nossa fé. 

O Evangelho de hoje apesar de se referir a um outro contexto, nos provoca a fazermos uma hermenêutica para nossa realidade. Pois, assim como as primeiras comunidades dos seguidores de Jesus, onde o medo era um problema sério, também hoje ele nos tem sido um desafio. O medo de sermos contaminados pelo Covid 19 ou de repassarmos a outras pessoas é algo que tem nos tirado nossa paz. O imperativo jesuanico, descrito por Mateus: “Não tenhais medo”, ecoa insistentemente em nós! Logo nos remete a realidade caótica vivida por tantas famílias pobres, desassistidas pelas políticas públicas, que estão as margens de nossa sociedade.

É bem verdade que muitos de nós tem se arriscado, indo ao encontro desses nossos irmãos, sendo verdadeiramente uma Igreja Samaritana. Isto é bonito, porém deve ser uma praxe extensa a todos. O medo não pode congelar nosso coração, mesmo nesse tempo de pandemia. Portanto, se eu não posso ir, mas posso colaborar com aqueles que estão indo. O certo é que o isolamento social não pode servir de justificativa para deixarmos de lado a caridade. Lembre-se o que nos ensinou São Paulo “a caridade jamais passará” (1 Cor 13,8), ele permanece e deve ser a maior de todas as virtudes cristãs. Que nesse tempo sombrio a força do nosso batismo e do Espirito Santo nos impulsione a sermos Jesus-Samaritano aos mais vulneráveis. 

Confiemos sempre no Senhor! E “não tenhais medo, vós valeis mais que muitos pardais”. Que o medo não nos contamine e nem nos paralise, que ele seja apenas um sinal de alerta, de prudência diante do perigo. Abençoada semana a todos! 



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